Apesar da escrita ter, habitualmente, uma maior expressão no ensino da Matemática que a própria oralidade, os alunos não estão habituados a explicitar raciocínios e a utilizar linguagem matemática apropriada. A comunicação matemática escrita tem algumas particularidades que podem ser diretamente trabalhadas com os alunos. Por exemplo, a escrita ajuda os alunos a dar sentido à Matemática e a melhorar o próprio discurso. As produções dos alunos transportam informações para o professor contribuindo para a planificação e concretização da sua prática profissional. Assim, e apesar de frequentemente ser descurada, a escrita matemática pode ser trabalhada na sala de aula, em particular, com futuros professores. Este artigo reporta parte de uma experiência realizada com uma turma da Licenciatura em Educação Básica, tendo por base a resolução em grupo de um problema de Geometria e o registo escrito do processo de resolução elaborado pelos alunos. Pretendeu-se desta forma caraterizar a comunicação escrita dos alunos e identificar contributos desta para a compreensão por parte do professor dos conhecimentos dos alunos. A análise da escrita matemática dos alunos, tendo por base um conjunto de critérios previamente definidos, permitiu identificar a preferência destes pelo recurso à representação verbal, dificuldades em fundamentar adequadamente as respostas apresentadas e uma forte tendência para desvalorizar as abordagens prévias que não conduziram à resposta ao problema. Permitiu ainda identificar uma tendência para não explicitar o entendimento das questões que lhes eram colocadas. A forma como os conceitos matemáticos surgem nas repostas escritas permite identificar aspetos relevantes do conhecimento dos alunos.