O potencial da tecnologia para o ensino e a aprendizagem é há muito reconhecido. Contudo, cada vez mais surgem estudos que indiciam que a sua utilização fica aquém das expectativas. O acesso à tecnologia, o papel que lhe é atribuído na aprendizagem e as características das tarefas em que é utilizada, encontram-se entre as principais influências identificadas sobre a utilização que é feita da tecnologia e potencialmente responsáveis pelas características dessa utilização. O estudo que aqui se apresenta teve como principal objectivo analisar e compreender a utilização que os professores fazem da tecnologia à luz dos aspectos referidos, procurando identificar de que forma estes definem diferentes tipos de utilização. A abordagem metodológica adoptada foi de natureza qualitativa e interpretativa, com a realização de estudos de caso de duas professoras de Matemática que utilizavam a calculadora gráfica. A recolha de dados foi concretizada através de entrevistas semi-estruturadas, observação de aulas e recolha documental, sendo a análise de dados orientada pelo quadro teórico, conciliado com a interpretação destes. As conclusões do estudo sugerem alguma diversidade tanto nas características das tarefas em que as professoras recorrem à tecnologia (exercícios, explorações, problemas, modelação de situações reais), como no papel que lhe é atribuído (obter informação, efectuar cálculos, experimentar), mas apontam também para uma diversidade com características que se traduzem em perfis de utilização da tecnologia distintos: um mais exploratório e outro mais prescritivo.