As organizações são concebidas com o enfoque principal na eficiência. As práticas de gestão que adoptam pressupõem, regra geral, a estabilidade do ambiente onde estão inseridas. Por isso, as organizações ficam vulneráveis aos distúrbios a que são sujeitas, e cuja frequência é cada vez maior, o que condiciona a sua eficiência, o seu nível de produtividade e, consequentemente, a sua competitividade. Porque existe uma relação de interdependência mais ou menos definida entre as organizações, a ocorrência de um distúrbio numa delas pode afectar todas as que dela dependem. É, por isso, fundamental que as organizações sejam mais resilientes, isto é, sejam capazes de reagir a um distúrbio inesperado, regressando rapidamente ao estado original ou a um melhor, após a cessação do distúrbio. Neste sentido, uma das acções que pode ser tomada é a definição de planos de mitigação e/ou de contingência. A adequação de planos, de mitigação e/ou de contingência, a implementar quando uma organização está perante um distúrbio, sendo por natureza uma actividade pró-activa, pressupõe a identificação dos distúrbios a que a organização pode ficar sujeita. Atendendo a que os distúrbios podem ter características muito diferentes, no que concerne à frequência de ocorrência, efeito crítico, nível de previsibilidade, área afectada na organização e duração, e podem, ainda, ter origem em fontes diversas, internas ou externas à organização produzidas pelo Homem ou pela Natureza, é fundamental que existam modelos que permitam a sua caracterização e a quantificação do grau de severidade das suas consequências para a organização onde incidem. É possível identificar na bibliografia modelos cujo desenvolvimento está associado aos distúrbios. Contudo, o âmbito em que são desenvolvidos é muito diverso. Nenhum deles, porém, permite caracterizar os distúrbios. O principal objectivo deste artigo é apresentar um modelo conceptual que permita caracterizar os distúrbios e avaliar a severidade dos seus efeitos para a organização onde incidem.
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